Introdução
Esta postagens tem como objetivo abordar três assuntos, adubação, doenças e pragas
que como deve - se proceder para que a produção final não seja afetada.
Para
a cana de açúcar há a necessidade de considerar duas situações distintas,
adubação para cana-planta e para soqueiras, sendo que, em ambas, a
quantificação será determinada pela análise do solo. O manejo da fertilidade do
solo, envolvendo correção da acidez e adubação, é um fator determinante da
produtividade das culturas. Entretanto, o emprego de fertilizantes e corretivos
deve ser criterioso e equilibrado, considerando que o uso do solo deve ser
feito de forma a manter sua fertilidade em equilíbrio com o meio ambiente.
Doenças
da cana-de-açúcar, já foram descoberta no Brasil mais de 200, tem registro de
cerca 58 existe aqui no Brasil. Sendo que 10 são de grande relevância na
economia do setor. As doenças são caraterizado pelos fungos, bactérias e vírus.
As
pragas da cana-de-açúcar também é outo grande problema, há uma grande espécie
de inseto. Que atacam principalmente: As raízes, o colmo e as folhas, afetando
diretamente a produção.
Adubação
A
cana-de-açúcar apresenta sistema radicular diferenciado de outras culturas, uma
vez que, não havendo impedimentos físicos ou químicos, atinge camadas profundas
do solo. Facilitar o crescimento das raízes em profundidade contribui para o
aumento da produtividade da cultura, já que aumenta o volume de solo explorado
para a retirada de água e nutrientes.
O
uso de corretivos é fundamental para a melhoria da fertilidade do solo e dos
ambientes de produção para a cana-de-açúcar. Considera-se como práticas
corretivas o uso do calcário para corrigir a acidez, o uso do gesso para
diminuir a atividade do alumínio e acrescentar cálcio em profundidade, e a
fosfatagem, que adiciona fósforo em área total para aumentar o teor de fósforo
em solos muito pobres deste elemento.
A
correção da acidez do solo tem efeitos diretos e indiretos sobre as plantas,
alterando características do solo, como:
·
A
neutralização do alumínio e do manganês,
que podem ser tóxicos para as plantas;
·
A
elevação das concentrações de cálcio e magnésio;
·
A
elevação do pH;
·
O
aumento na disponibilidade de uma série de elementos, como o fósforo, por
exemplo.
Efeitos
indiretos dizem respeito ao aumento do sistema radicular das plantas em função
da melhoria da fertilidade e do aumento do cálcio, maior produtividade em
função da maior disponibilidade de nutrientes, melhoria nas características
físicas e biológicas do solo.
Para
a cana-de-açúcar, a calagem tem possibilitado uma maior longevidade do canavial
(em geral um corte a mais do que seria possível sem a calagem). A adubação da
cultura visa adicionar os nutrientes necessários em quantidades suficientes
para garantir a máxima produtividade econômica. É importante subtrair no
cálculo dos nutrientes necessários as quantias que serão fornecidas pelo solo, de
acordo com a relação abaixo:
Adubação = (nutriente requerido pela
planta - nutriente fornecido pelo solo). F
F é o fator de aproveitamento do
fertilizante, que corrige as perdas sofridas nos processos existentes entre a
aplicação e a absorção do nutriente pelas plantas.
O
primeiro passo no planejamento da adubação é saber quais nutrientes são
necessários para o bom desenvolvimento da cana-de-açúcar. Os elementos químicos
encontrados em maiores concentrações são o carbono, o hidrogênio e o oxigênio,
sendo que estes elementos são adquiridos do ar e da água, pelos processos de
fotossíntese.
Os
minerais obtidos do solo em maior quantidade (gramas por quilo de matéria
vegetal produzida) em qualquer cultura agrícola são chamados de
macronutrientes, divididos em:
Primários
ou nobres: Nitrogênio (N), Fosfóro (P) e Potássio (K).Secundários: Cálcio (Ca),
Magnésio (Mg) e Enxofre (S).
Os
nutrientes minerais exigidos em menores quantidades (miligramas ou microgramas
por quilo de matéria vegetal produzida) são os micronutrientes:
Boro
(B), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo), Níquel
(Ni) e Zinco (Z).
A
época da adubação é muito importante para o aproveitamento do fertilizante,
levando-se em consideração o estágio da cultura, o comportamento do elemento no
solo e a idade do canavial (cana-planta e cana-soca).
Os
fertilizantes e corretivos podem ser classificados como os insumos de maior
importância para a produção de cana-de-açúcar, devido à capacidade que estes
têm de influenciar a produtividade da cultura.
Na
adubação mineral com NPK, em geral, o nitrogênio é o nutriente que as plantas
necessitam em maior quantidade. Entretanto, na cultura da cana-de-açúcar, o
potássio é requerido em quantidades maiores do que o nitrogênio, elemento que
faz parte de muitos compostos, sobretudo das proteínas, e é constituinte da
clorofila, ácidos orgânicos e hormônios vegetais. O canavial bem nutrido em
nitrogênio apresenta-se verde e exuberante, uma vez que este nutriente estimula
a brotação, o enraizamento e o desenvolvimento de perfilhos.
A
resposta na produtividade da cana-planta devido à aplicação de nitrogênio é
pequena, mas, mesmo assim, são utilizadas entre 30 e 60 quilos de nitrogênio
por hectare. Já nas soqueiras, a produtividade é altamente influenciada pela
aplicação do nitrogênio, sendo comum a utilização de 80 a 150 quilos por
hectare, dependendo do ambiente de produção, da variedade e da idade do
canavial.
O
fósforo, por sua vez, é o nutriente que as plantas requerem em menor
quantidade. Apesar disso, é um dos elementos aplicados em maiores quantidades
nos solos brasileiros, devido à sua baixa disponibilidade natural e grande afinidade
da fração mineral do solo por este elemento, o que se torna um dos fatores mais
limitantes da produção em solos tropicais. Com isso, a adubação fosfatada é
imprescindível para a otimização da produção de diversas culturas, inclusive a
cana.
A
adubação fosfatada para a cana-de-açúcar é amplamente reconhecida como uma
prática eficaz para elevar a produtividade dos canaviais, principalmente nos
solos brasileiros, que são, em geral, pobres em fósforo.
O
fósforo faz parte das moléculas de ATP e ADP, participando, portanto, de todos
os processos metabólicos que utilizam energia. O elemento também é constituinte
de fosfolipídeos e moléculas de DNA e RNA, participando dos processos de
divisão celular e transmissão dos caracteres genéticos. Embora o elemento seja
um dos macronutrientes menos exigidos pela cana-de-açúcar, as dosagens
utilizadas estão entre 100 e 150 quilos de P2O5 por hectare, sendo que,
geralmente, o fósforo é aplicado uma única vez, no sulco de plantio. Essa dose
de fósforo satisfaz, portanto, a necessidade da cultura por cinco anos.
O
potássio estimula a vegetação e o perfilhamento; aumenta o teor de
carboidratos, óleos, lipídeos e proteínas; promove o armazenamento de açúcar e
amido; ajuda na fixação do nitrogênio; regula a utilização da água e aumenta a
resistência à seca, geada e moléstias.
Por
apresentar alta resposta na produtividade, o potássio é aplicado em doses altas
tanto na cana como nas soqueiras. Doses entre 80 e 150 quilos de K2O por
hectare são utilizadas tanto para a cana-planta como para as soqueiras.
Adubação Mineral de Plantio
Produtividade esperada
|
Nitrogênio
|
P resina, mg/dm³
|
|||
0 - 6
|
7 - 15
|
16 - 40
|
>40
|
||
t/ha
|
N, kg/ha
|
P2O5, kg/ha
|
|||
<100
100 - 150
>150
|
30
30
30
|
180
180
*
|
100
120
140
|
60
80
100
|
40
60
80
|
Produtividade esperada
|
K+ trocável, mmolc/dm³
|
||||
0 - 0,7
|
0,8 - 1,5
|
1,6 - 3,0
|
3,1 - 6,0
|
>6,0
|
|
t/ha
|
K2O, kg/ha
|
||||
<100
100 - 150
>150
|
100
150
200
|
80
120
160
|
40
80
120
|
40
60
80
|
0
0
0
|
* Não
é provável obter a produtividade dessa classe, com teor muito baixo de P no
solo.
Aplicar
mais 30 a 60 kg/ha de N, em cobertura, durante o mês de abril; em solo arenoso
dividir a cobertura, aplicando metade do N em abril e a outra metade em
setembro - outubro.
Adubações
pesadas de K2O devem ser parceladas, colocando no sulco de plantio até 100 kg/ha
e o restante juntamente com o N em cobertura, durante o mês de abril.
Para
soqueira, a adubação deve ser feita durante os primeiros tratos culturais, em
ambos os lados da linha de cana; quando aplicada superficialmente, deve ser bem
misturada com a terra ou alocada até a profundidade de 15 cm.
Na
adubação mineral da cana-soca aplicar as indicações do quadro a seguir,
observando os resultados da análise de solo e de acordo com a produtividade
esperada.
Adubação Mineral da Cana-Soca
Produtividade esperada
|
Nitrogênio
|
P resina, mg/dm³
|
K+ trocável, mmolc/dm³
|
|||
0-15 > 15
|
0,15 1,5-3,0 > 3,0
|
|||||
t/ha
|
N, kg/ha
|
P2O5, kg/ha
|
K2O, kg/ha
|
|||
< 60
60 - 80
80 - 100
> 100
|
60
80
100
120
|
30
30
30
30
|
0
0
0
0
|
90
110
130
150
|
60
80
100
120
|
30
50
70
90
|
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996
Aplicar
os adubos ao lado das linhas de cana, superficialmente e misturado ao solo, no
máximo a 10 cm de profundidade.
Se
for constatada deficiência de cobre ou de zinco, de acordo com a análise do
solo, aplicar os nutrientes com a adubação de plantio, nas quantidades
indicadas a seguir:
Zinco no solo
|
Zn
|
Cobre no solo
|
Cu
|
mg/dm³
|
kg/ha
|
mg/dm³
|
kg/ha
|
0-0,5
> 0,5
|
5
0
|
0-0,2
> 0,2
|
4
0
|
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996
Uso de Resíduos
da Agroindústria Canavieira
Atualmente há
uma tendência em substituir a adubação química das socas pela aplicação de
vinhaça, cuja quantidade por hectare esta na dependência da composição
química da vinhaça e da necessidade da lavoura em nutrientes.
Os sistemas
básicos de aplicação são por infiltração, por veículos e aspersão, sendo que
cada sistema apresenta modificações.
A torta de
filtro (úmida) pode ser aplicada em área total (80-100 t/ha), em pré-plantio,
no sulco de plantio (15-30 t/ha) ou nas entrelinhas (40-50 t/ha). Metade do
fósforo aí contido pode ser deduzido da adubação fosfatada
recomendada. (Boletim Técnico 100 IAC, 1996).
Doenças
Doenças
da cana-de-açúcar
Até
hoje foram identificadas 216 doenças que atingem a cana-de-açúcar,
sendo que cerca de 58 foram encontradas no Brasil. Dentre estas 58
doenças, pelo menos dez podem ser consideradas de grande importância
econômica para a cultura.
As
doenças mais importantes são controladas com o uso de variedades
resistentes. Porém, o fato de o controle estar embutido nas
características agronômicas da planta faz com que alguns produtores rurais
desconheçam o valor da variedade. Entretanto, como a maioria das
resistências a doenças nessa cultura é de caráter quantitativo e não
qualitativo, ou seja, a resistência não é absoluta, mas gradual, muitas
variedades em cultivo podem apresentar certo nível de suscetibilidade a algumas
doenças.
Como
os causadores de doenças são seres vivos, eles podem produzir, também, novas
raças ou variantes que vencem essa resistência e passam a causar novo surto de
doença. Em função disso e das mudanças climáticas, podem surgir surtos
epidêmicos, havendo a necessidade de identificar novas doenças da cana e
manter uma contínua vigilância dentro dos canaviais, nos níveis
estadual e nacional.
Principais
doenças da cana-de-açúcar
·
Escaldadura-das-folhas;
·
Estria
vermelha;
·
Raquitismo-da-soqueira;
·
Mosaico;
·
Amarelinho;
·
Ferrugem
da cana;
·
Carvão
da cana;
·
Mancha parda;
·
Podridão
abacaxi;
·
Podridão
de fusarium;
·
Podridão
vermelha.
Alguns
fatores ambientais podem causar sintomas parecidos com doenças nas planta, o
que pode confundir o produtor ou o extensionista. Um exemplo é a semelhança
entre os sintomas de podridão vermelha com os efeitos de um raio que atinge a
lavoura..
Doenças
causadas por bactérias
Dentre
as doenças bacterianas que preocupam o setor canavieiro destacam-se a
escaldadura das folhas, estrias vermelhas e raquitismo da soqueira, que
estão descritas, detalhadamente, abaixo. Outras doenças também provocam
prejuízos, dependendo da região e das condições ambientais.
Escaldadura
das folhas - Bactéria Xanthomonas albilineans
A
doença é causada pela bactéria Xanthomonas albilineans, capaz de
colonizar os vasos das plantas e mover-se sistematicamente em seus tecidos
vegetais. Ela se manifesta de forma distinta em localidades diferentes,
isto é, os sintomas da doença variam de acordo com as condições do local.
A escaldadura
das folhas apresenta grande potencial destrutivo, sobretudo em variedades
suscetíveis. No Brasil, sua importância tem sido deixada de lado em função dos
erros de identificação e da confusão de seus prejuízos com aqueles causados
pelo raquitismo da soqueira. Quando a doença se manifesta em variedades
extremamente suscetíveis, pode causar perdas de até 100%. Ela pode causar,
ainda, má formação dos colmos, morte das touceiras, queda de produção
e de riqueza em sacarose.
São
conhecidos três tipos de sintomas da doença, considerados bastante
complexos:
·
em
algumas situações, observa-se no interior dos colmos uma descoloração na
região dos nós, assemelhando-se aos sintomas do raquitismo da soqueira;
·
surgimento
de diversos sintomas externos, sendo que o mais característico são as estrias
brancas na folha, podendo atingir até sua base;
·
o
sintoma agudo, observado nas variedades mais suscetíveis em condições favoráveis
à bactéria, caracteriza-se pela queima total das folhas, como se a planta
tivesse sido escaldada. Daí a origem do nome da doença, escaldadura das folhas
A
bactéria penetra pelos ferimentos dos colmos e permanece na planta durante
toda sua vida. Dessa forma, a doença é facilmente disseminada na
colheita por meio de ferramentas de corte como o facão ou mesmo as
colhedoras. Com o aumento da colheita mecanizada, as preocupações com essa
doença se intensificaram. Portanto, é importante manter o canavial sempre
sadio.
Os
ventos e as chuvas podem disseminar a doença por longas distâncias, quando
espalham a bactéria presente em áreas mortas (necroses) das plantas afetadas.
Condições de estresse (frio, seca ou temperatura muito alta) induzem
o aparecimento da fase aguda da doença.
A
principal forma de controle da escaldadura das folhas é feita por meio de
variedades resistentes e tolerantes. O uso de variedades tolerantes
requer alguns cuidados, como: evitar plantio de mudas provenientes de campos
com a doença; preparar áreas de viveiros para eliminar bactérias do solo e
restos de cultura; desinfectar equipamentos e ferramentas utilizadas no manejo
da cultura. Não é conhecido até o momento qualquer produto, químico ou
biológico, que controle satisfatoriamente a escaldadura das folhas.
Estria
vermelha – Bactéria Acidovorax avenae
A
bactéria causadora da doença é de origem asiática e está presente nas
principais regiões canavieiras do mundo. No Brasil, sua presença
é restrita, pois necessita de condições de clima e solo específicas,
como alta fertilidade. A estria vermelha é considerada uma doença
secundária, porém apresenta certo impacto econômico nos Estados de São Paulo e
do Paraná.
A doença
manifesta-se com o aparecimento de estrias finas e longas nas folhas e podridão
do topo do colmo. Nas folhas os sintomas evoluem para uma coloração
vermelho-marrom. Com a evolução da doença, as estrias atingem o topo da planta.
Posteriormente, essa região umidece e apodrece. Se as condições forem
favoráveis, a podridão do topo estende-se pelo resto do colmo, causando
rachaduras por onde escorre um líquido de odor desagradável.
A
disseminação da bactéria se dá por respingos de chuva e pelo vento, sendo que o
calor (temperaturas acima de 28º C) e a alta umidade (acima de 90%) favorecem seu
desenvolvimento. As infecções são favorecidas, também, por ferimentos
produzidos nas plantas, quando uma folha esbarra em outra. O uso de variedades
resistentes é o método mais efetivo de controle da estria vermelha.
Raquitismo
da soqueira - Bactéria Leifsonia xyli subsp. xyli
Pesquisadores
consideram o raquitismo da soqueira a mais importante doença da cana-de-açúcar
em todo o mundo. O raquitismo pode causar prejuízos de 5 a 30% da
produtividade e infeccionar até 100% do canavial.
Não
existe qualquer sintoma externo característico da doença que possa
ser visualizado para o diagnóstico. Por isso, em alguns casos, o produtor
pode não saber que seu campo está infectado. O produtor só tomará
conhecimento do raquitismo quando observar o subdesenvolvimento dos colmos
rebrotados da touceira depois da colheita.
A
doença leva a um crescimento retardado das touceiras e colmos menores, tornando
o canavial desuniforme. Nas touceiras doentes observa-se, então, colmos
mais finos e internódios (região entre os nós) curtos, o que causa redução da
produtividade. Se faltar água às plantas durante a manifestação do
raquitismo da soqueira, seus efeitos serão mais intensos e ocorrerá enrolamento
das folhas.
A
intensidade dos sintomas e, também, as perdas são variáveis. Ambas
dependem da cultivar, da idade da touceira e das condições
climáticas, como a seca.Além destes fatores, também podem estar associadas aos
seguintes aspectos: intensidade de estresses causados por herbicidas;
ocorrência de outras doenças simultaneamente; tratos culturais
inapropriados, como excesso de competição por plantas daninhas, excesso ou
falta de nutrientes e compactação do solo.
A
doença manifesta-se de modo mais claro nas soqueiras de variedades mais
suscetíveis, nas quais podemos observar outro sintoma, já interno à planta: o
desenvolvimento de uma coloração alaranjada-claro a vermelha-escuro nos
vasos que conduzem a água na planta (vasos xilema) na parte mais velha dos
colmos maduros.
Existem
registros de que a bactéria sobrevive no solo após a colheita para re-infectar
plantas sadias. A principal forma de controle do raquitismo da soqueira é por
meio de resistência varietal. No entanto, a maior dificuldade consiste na
seleção de variedades resistentes em função da dificuldade no diagnóstico
rápido e eficiente da doença. Outra forma eficaz de controle é o tratamento
térmico de toletes ou gemas por duas horas a 50o C. Por
ser facilmente transmitida por meios dos equipamentos, a desinfecção é um
importante método para prevenção da doença. Todos os equipamentos usados para
corte da cana devem ser desinfectados com produtos químicos ou pelo
calor.
Doenças
causadas por fungos
Dentre
as doenças causadas por fungos e que podem prejudicar o canavial,
destacam-se a ferrugem e o carvão. Outras importantes doenças são: mancha
parda, podridão abacaxi, podridão vermelha e podridão de fusarium (fusariose),
que serão descritas detalhadamente, abaixo.
Ferrugem
- Fungo Puccinia melanocephala
A
ferrugem está presente em todas as regiões produtoras do Brasil e é encontrada
em, aproximadamente, 64 países produtores. Conhecida há mais de 100 anos,
a doença causa perdas de 50% nas variedades mais suscetíveis. No Brasil,
a ferrugem foi detectada pela primeira vez em 1986, quando afetou
canaviais dos Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Os sintomas
característicos da ferrugem, descritos abaixo, podem ser observados na
Figura 1.
·
inicialmente,
surgem pequenas pontuações cloróticas nas folhas, que evoluem para manchas
alongadas de coloração amarelada, podendo ser observadas na superfície
superior e inferior da folha. As manchas variam entre dois e dez
centímetros de comprimento e um e três centímetros de largura, e aumentam
rapidamente de tamanho, mudando da coloração amarela para avermelhada,
vermelho-parda e preta nos estágios finais de morte da folha;
·
desenvolvimento
de pústulas (elevações na superfície da folha, causadas pelo desenvolvimento do
fungo) nos centros das manchas e na face inferior das folhas.
As
pústulas encobrem parte da folha, reduzindo sua área fotossintética. Assim, a
planta pode apresentar crescimento retardado, morte de perfilhos, colmos
finos e encurtamento dos entrenós. Em variedades muito suscetíveis, as pústulas
agrupam-se, formando placas de tecido morto. Plantas muito atacadas podem
apresentar folhas queimadas e sem brilho.
Os
sintomas da ferrugem são mais evidentes nas primeiras etapas de desenvolvimento
da doença, sendo bem menos perceptíveis ao final da epidemia, quando as plantas
atingem maior grau de maturação. De modo geral, a máxima suscetibilidade
das plantas ocorre no estágio juvenil (três a seis meses). A maturidade é,
normalmente, acompanhada da recuperação dos sintomas, caracterizando, em muitas
variedades, o que se denomina resistência da planta adulta.
A
disseminação da doença se dá, sobretudo, pelo vento, que transporta os
esporos do fungo para outras plantas e regiões. A única prática de controle
para a doença é o uso de variedades resistentes. O uso de fungicidas foliares
não é uma opção economicamente viável.
Carvão - Fungo Ustilago
scitaminea
O
agente causador do carvão está presente em todas as regiões do Brasil,
sendo que sua primeira constatação foi em 1946, no Estado de São Paulo. Após
sua descoberta, várias medidas de controle foram adotadas, sendo que a que
surtiu maior efeito foi a proibição do plantio comercial de variedades
suscetíveis a essa moléstia.
O
carvão pode causar diversos danos ao canavial e as perdas podem chegar
a 100% em variedades suscetíveis. Algumas regiões canavieiras podem
permanecer por muitos anos sem relatos de ocorrência de carvão e, no entanto, a
doença pode reaparecer e devastar rapidamente áreas com variedades suscetíveis.
Os danos causados pelo fungo incidem tanto na redução da produção como na perda
de qualidade do caldo. O carvão é uma das doenças que atingem a cana-de-açúcar
de mais fácil identificação.
A doença caracteriza-se pelo surgimento de um chicote, que consiste em uma modificação da região de crescimento do colmo (ápice), induzida pelo fungo, com tamanho variável - de alguns centímetros a mais de um metro de comprimento. O chicote é composto por parte do tecido da planta e parte do tecido do fungo. Inicialmente, esse chicote apresenta cor prateada, passando, posteriormente, à preta, devido à maturação dos esporos nele contidos. Antes de emitirem o chicote, as plantas doentes apresentam folhas estreitas e curtas, colmos mais finos que o normal e touceiras com superbrotamento. Os chicotes surgem em plantas com idade entre dois e quatro meses, sendo que o pico ocorre entre seis e sete meses de idade.
A doença caracteriza-se pelo surgimento de um chicote, que consiste em uma modificação da região de crescimento do colmo (ápice), induzida pelo fungo, com tamanho variável - de alguns centímetros a mais de um metro de comprimento. O chicote é composto por parte do tecido da planta e parte do tecido do fungo. Inicialmente, esse chicote apresenta cor prateada, passando, posteriormente, à preta, devido à maturação dos esporos nele contidos. Antes de emitirem o chicote, as plantas doentes apresentam folhas estreitas e curtas, colmos mais finos que o normal e touceiras com superbrotamento. Os chicotes surgem em plantas com idade entre dois e quatro meses, sendo que o pico ocorre entre seis e sete meses de idade.
As
condições ambientais são determinantes no surgimento de epidemias de carvão.
Sob condições de estresse, mesmo variedades resistentes ao fungo podem
apresentar sintomas da doença. Condições de estresse hídrico e calor favorecem
a ocorrência do fungo. A transmissão da doença se dá de forma aérea, por
disseminação a partir dos chicotes e por meio do plantio de mudas infectadas. A
forma mais eficiente para controlar a doença é o uso de variedades
resistentes. A doença pode, ainda, ser prevenida com o uso de mudas sadias
obtidas a partir de tratamento térmico para curá-las da doença. Outra
prática que deve ser utilizada, sobretudo quando são empregadas variedades de
resistência intermediária, é o roguing (eliminação de plantas doentes).
Mancha
parda - Fungo Cercospora longipes
Doença
presente em todas as regiões do País e que apresenta intensidade variável nos
canaviais. O sintoma típico da doença (Figura 3) é o surgimento de
manchas de coloração marrom-avermelhada e marrom-amarelada na superfície
superior e inferior de folhas adultas. Muitas vezes, as manchas apresentam
halos cloróticos em seu contorno.
O
tamanho da área afetada da folha depende do grau de resistência da
variedade ao patógeno, sendo que a melhor maneira de controlar a doença
nos canaviais é com o uso de variedades resistentes.
Podridão
abacaxi - Fungo Ceratocystis paradoxa
Doença
que afeta uma grande quantidade de outras culturas, a podridão abacaxi pode
incidir também sobre as mudas (toletes) de cana-de-açúcar. Como o fungo
causador da doença não possui mecanismos próprios de penetração, ele se utiliza
de aberturas naturais ou ferimentos para entrar e colonizar uma planta. Se
a cana for plantada em solo contaminado, a penetração do fungo ocorre pelo
corte nos toletes de plantio.
Uma
vez instalado na muda, o fungo provoca baixa germinação em canaviais recém
implantados e, também, morte de brotos novos. Um diagnóstico mais preciso pode
ser realizado ao se observar uma coloração vermelha dos tecidos internos e
exalação de odor de abacaxi quando realizado um corte longitudinal no tolete
(Figuras 4 e 5).
Como
a sobrevivência do fungo é favorecida pela alta umidade a doença ocorre,
geralmente, em solos argilosos, encharcados e de difícil drenagem. Temperaturas
baixas é outra condição favorável ao desenvolvimento do fungo, por isso o
outono da Região Centro-Sul é a época mais comum de aparecimento
da doença.
Para
prevenir a podridão abacaxi são recomendáveis medidas como:
·
tratar
as mudas com fungicidas antes do plantio;
·
picar
os toletes em tamanhos maiores, com seis gemas ou mais;
·
evitar
replantio de mudas em solos contaminados recentemente.
Podridão
vermelha – Fungo Colletotrichum falcatum
A
doença existe desde o início do cultivo da cana e ocorre no mundo todo. A
podridão vermelha causa prejuízos importantes à cultura, sobretudo pela
inversão de sacarose, o que diminui o rendimento no processamento da cana. São
freqüentes os relatos de perdas de 50% a 70 % de sacarose em colmos atacados
simultaneamente pelo fungo e pela broca-da-cana, pois ao perfurar o colmo ela
abre caminho para a entrada do fungo.
A
doença pode se manifestar na cana-de-açúcar sob diferentes formas, sendo
que a principal característica é a degradação dos colmos. Como os danos são
internos, a doença pode passar despercebida. Para reconhecer os sintomas,
recomenda-se partir o colmo no sentido longitudinal e observar a presença de
grandes manchas vermelhas separadas por faixas mais claras ou brancas - é o que
permite fazer a diferença entre fusariose e podridão vermelha (Figura 6).
O
método de controle mais eficiente é o uso de variedades resistentes, mas
algumas práticas como eliminação dos restos da cultura, controle da
broca-da-cana e plantio de mudas de boa qualidade podem diminuir a
incidência.
Podridão de
fusarium (fusariose) – Fungo Fusarium moniliforme
A
fusariose é uma doença presente em todas as regiões produtoras do mundo e pode
contaminar a planta em qualquer fase de seu desenvolvimento. O fungo causador
da doença pode ocasionar uma grande variedade de sintomas nas
plantas, que dependem do estágio de desenvolvimento da cana, do seu nível de
resistência e de condições ambientais. Em plântulas de cana-de-açúcar os
sintomas são:
·
sistema
radicular pouco desenvolvido;
·
baixo
vigor;
·
podridão
de raíz e de colo;
·
damping-off
(morte de várias plântulas agrupadas, denominadas reboleira).
Em
toletes de plantio, os sintomas são:
·
baixa
brotação das gemas;
·
podridão
de raíz;
·
enfezamento
(redução no tamanho) dos brotos.
Nos
colmos os sintomas são muito parecidos com os da podridão vermelha
e seu aparecimento está associado a ferimentos químicos ou
físicos como aqueles causados por brocas (Figura 7). Outro dano causado é o
chamado Pokkah-boeng, em que ocorre uma deformação do topo da cana-de-açúcar.
Os melhores métodos de controle da fusariose são o uso de variedades tolerantes
e o controle da broca da cana-de-açúcar.
Doenças
causadas por vírus
Mosaico
(Vírus do mosaico da cana-de-açúcar)
A
doença conhecida como mosaico possui registros de ocorrência já no início do século
XX. Os países produtores, nesta época, incluindo o Brasil, cultivavam
variedades de cana conhecidas como nobres (Saccharum officinarum), que
eram altamente suscetíveis ao mosaico, registrando grandes perdas. Com o avanço
dos programas de melhoramento genético e a hibridação surgiram novas
variedades, resistentes ao vírus.
O
agente causador da doença é o vírus do mosaico da cana-de-açúcar. Existem
descritas, até o momento, 14 linhagens diferentes deste vírus, definidas por
letras de A a N, sendo que no Brasil a mais comum é a linhagem B. A intensidade
da infecção, grau dos sintomas e perdas variam entre estas linhagens.
Os
sintomas da infecção pelo vírus do mosaico apresentam-se nas
folhas, na forma de áreas com intensidades contrastantes de verde.
Na
maioria dos casos aparecem áreas de verde muito intenso cercadas por áreas de
um verde mais claro, ou até mesmo cloróticas, sendo que estas são mais
evidentes na base das folhas e nas lâminas foliares. Em um grau mais avançado a
doença pode tornar as folhas avermelhadas e até provocar necrose. A transmissão
natural do vírus se dá por meio de pulgões, sendo estes os vetores da doença.
Pulgões que possuem o vírus no organismo transmitem-no para uma nova
planta ao picarem sua folha. Outra forma importante de disseminação é a
utilização de mudas de canas infectadas, seja para a formação de viveiros ou
canaviais comerciais.
O
método mais eficaz para controlar o mosaico é a utilização de variedades
resistentes. Aplicação de inseticidas para controle de pulgão não apresenta
nenhuma eficiência. Quando o nível de infecção no canavial é baixo a prática
do roguing (retirada de plantas doentes) é muito utilizada.
Vírus
do amarelecimento foliar da cana-de-açúcar
A
ocorrência do “amarelinho”, também conhecido como vírus do amarelecimento
foliar da cana-de-açúcar, foi relatada pela primeira vez em 1989. Em 1993, essa
doença foi considerada de caráter epidêmico em lavouras no Estado de São Paulo,
com perdas de até 50% da lavoura. O vírus é transmitido pela espécie de afídeo
(pulgão) Melanaphys sacchari.
As
plantas afetadas apresentam amarelecimento da nervura central das folhas na
face inferior, seguido do limbo foliar. Folhas mais velhas, sexta ou sétima a
partir do ápice, apresentam uma coloração vermelha na face superior da
nervura central. Posteriormente, uma perda de pigmentação distribui-se
pelo limbo foliar, progredindo da ponta para a base, sendo eventualmente
seguida pela necrose do tecido .
As
raízes e colmos mostram crescimento reduzido e, conseqüentemente, a produção
é muito prejudicada. Como não apresenta sintomas específicos, pode ser
confundida com deficiência nutricional, compactação do solo ou outros
problemas. Os métodos de controle mais eficazes são o uso de variedades
resistentes ou tolerantes e o rouguing.
Pragas
Os danos
causados pelos insetos às plantas são variados e podem ser observados em todos
os órgãos vegetais. Um inseto só pode ser considerado praga quando atinge
um determinado índice de dano econômico para a cultura
plantada. Dependendo da espécie, do tamanho populacional da praga, da fase
de desenvolvimento, estrutura vegetal atacada e da duração do ataque, pode
haver maior ou menor prejuízo, em quantidade e em
qualidade. Mundialmente, a cana-de-açúcar contabiliza perdas de aproximadamente
20% ao ano, considerando somente o ataque de pragas.
Prejuízos econômicos
A cana-de-açúcar
pode ser atacada por mais de 80 espécies de pragas, sendo que algumas delas,
como alguns besouros e cupins, muitas vezes são observadas nas lavouras somente
após terem causado danos, uma vez que são pragas de solo e, por isso, de
difícil observação. Para uma produtividade de 80 toneladas por hectare, as
perdas ocasionadas pela broca para cada 1% de intensidade de infestação são de
616 quilos de cana, 28 quilos de açúcar e 16 litros de álcool,
aproximadamente.
Os prejuízos
causados pela cigarrinha-da-folha têm chegado a 17,5% de perda no processo
industrial, quando a população de adultos chega a 0,7 indivíduos por
colmo. A espécie Heterotermes tenuis chega a causar perdas
da ordem de dez toneladas por hectare, por ano, sobretudo em solos
arenosos. A cigarrinha-da-raíz chega a causar perdas de 11% na produtividade
agrícola e 1,5% na produção de açúcar.
Acredita-se que
o aumento das perdas ocasionadas por pragas agrícolas seja devido ao uso
indiscriminado de agrotóxicos, que forçaram uma evolução dessas pragas e o
surgimento de espécies resistentes a determinados inseticidas.
Controle de Pragas
Métodos culturais: baseiam-se
na utilização dos conhecimentos ecológicos e biológicos das pragas, empregando
práticas culturais. As mais comuns são:
- rotação
de culturas;
- aração
do solo;
- época
de plantio e colheita;
- destruição
de restos de cultura;
- cultura
no limpo;
- poda;
- adubação
e irrigação;
- plantio
direto e outros sistemas de cultivo.
Método de resistência de plantas: baseia-se no emprego de plantas
resistentes a insetos, considerado o método ideal de controle devido à
possibilidade de permitir a manutenção da praga em níveis inferiores ao de dano
econômico, sem causar prejuízos ao ambiente e sem ônus adicional ao agricultor.
É ideal para ser utilizada em qualquer programa de manejo de pragas.
Métodos de controle por comportamento: baseiam-se nos estudos de
fisiologia dos insetos. Esses métodos não apresentam riscos de intoxicação para
o homem e para animais domésticos, não geram resíduos tóxicos e evitam
desequilíbrios ecológicos. Uma das formas de controle por comportamento é o uso
de hormônios de inseto.
Métodos de controle físico: envolvem processos como queima,
drenagem, inundação e temperatura.
Método biológico: trata-se
do controle de pragas por meio de inimigos naturais, que se dividem em:
- entomopatógenos:
organismos causadores de doenças em seus hospedeiros;
- parasitóides:
organismos que se desenvolvem no interior dos hospedeiros;
- predadores:
organismos que matam suas presas.
Método químico: constitui-se
no uso de inseticidas – compostos químicos e biológicos – que são aplicados,
direta ou indiretamente, para matar insetos.
O controle de
pragas é regulamentado por leis e portarias federais e estaduais, distribuídas
em diversas modalidades. O cumprimento dessas leis proporciona um controle a
nível nacional, o que ajuda a diminuir a incidência das diferentes pragas.
Pragas nas
raízes
Cigarrinha-da-raiz - Mahanarva
fimbriolata
É encontrada,
praticamente, em todas as regiões canavieiras do Brasil. No Estado de São Paulo
tornou-se uma praga relevante, com o aumento das áreas de colheita de
cana crua. Nesse sistema de colheita, o acúmulo de palha contribui para manter
a umidade do solo, o que favorece o aumento da população desse
inseto. A queima contribui com a destruição de parte dos ovos depositados no
solo e na palhada. O macho é de coloração vermelha com algumas faixas pretas
longitudinais no dorso. Já a fêmea apresenta as mesmas características,
mas é marrom-escura (Figura 1).
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Fig.
1. Macho e fêmea de Mahanarva fimbriolata.
Foto: Heraldo Negri. |
A
cigarrinha-da-raiz põe ovos nas bainhas secas ou sobre o solo, próximo ao colmo
da planta (98% dos ovos na linha). As formas jovens fixam-se nas raízes, onde
sugam a seiva.
A infestação da
cigarrinha-da-raiz é identificada pela presença de uma espuma esbranquiçada
semelhante à espuma de sabão, na base da touceira (Figura 2). Os adultos vivem
na parte aérea da planta, sugando os colmos. A cigarrinha-da-raiz ocorre,
sobretudo, em período úmido, sendo que a falta de umidade prejudica a formação
de espuma, o que leva à morte das ninfas. A praga vive, também, em outras
gramíneas, principalmente, em capins e gramas, e age da mesma forma que nos
canaviais.
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Fig.
2. Espuma das ninfas da cigarrinha-da-raiz.
Foto: Heraldo Negri. |
Os prejuízos
causados pela cigarrinha-da-raiz são:
- extração
de grande quantidade de água e nutrientes das raízes pelas ninfas;
- redução
do teor de açúcar nos colmos;
- aumento
do teor de fibras;
- aumento
dos colmos mortos, o que diminui a capacidade de moagem;
- aumento
do teor de contaminantes, o que dificulta a recuperação do açúcar e inibe
a fermentação.
O controle dessa
praga pode ser feito das seguintes formas:
Controle
biológico
A
cigarrinha-da-raiz pode ser controlada pela aplicação de Metarhizium
anisopliae, também chamado de fungo-verde, na dose mínima de 200 gramas
por hectare de fungo puro. O produto atinge ninfas e adultos. As
aplicações devem ser feita com o uso de 250 litros de água por hectare
(Figura 3). Algumas condições são indispensáveis para o sucesso desse
controle microbiano, utilizando esse fungo, como:
- umidade
elevada seguida de
veranico;
- temperatura
entre 25°C e 27°C;
- qualidade
do fungo;
- aplicação
à tarde ou à noite em locais de alta infestação.
Controle químico
A
cigarrinha-da-raiz pode ser controlada por agentes químicos:
- para
as ninfas, recomenda-se o uso dos inseticidas thiamethoxam ou carbofuran
granulados, aplicados de um dos lados da touceira (Figura 3).
- para adultos,
recomenda-se a aplicação de um inseticida seletivo que não atinja
inimigos naturais da cigarrinha: carbaril, triclorfon, malation, entre
outros(Figura 3).
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Fig.
3. Ciclo biológico
de Mahanarva fimbriolata em cana-de-açúcar e épocas de
controle.
Fonte: Gallo et al. (2002). |
Controle
cultural
Recomenda-se que
o controle cultural seja executado observando:
- A
retirada total da palha deixa o solo exposto e cria um ambiente
desfavorável aos ovos que entram em diapausa (parada prolongada do
desenvolvimento).
- O
plantio direto deve ser evitado em áreas com histórico de infestações.
- A
destruição mecânica da palhada (Figuras 4 e 5), durante o preparo do solo,
é uma forma eficaz para reduzir o número de ovos.
- O uso de
variedades resistentes é essencial em locais favoráveis à praga. A variedade
SP79-1011 é menos suscetível que RB72454, SP81-3250, SP80-1842, entre outras.
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Fig.
4. Destruição mecânica de restos culturais.
Foto: Paulo Botelho. |
Fig.
5. Enleiramento da palhada.
Foto: Paulo Botelho. |
Percevejo-castanho - Scaptocoris
castanea e Atarsocoris brachiariae
Tanto os jovens
quanto os adultos têm hábito subterrâneo e sugam a seiva das raízes. A forma
jovem do percevejo-castanho é de coloração branca e a adulta, de coloração
marrom. As duas espécies são fáceis de ser distinguidas: o Scaptocoris castanea é
marrom-escuro (Figura 6), enquanto o Atarsocoris brachiariae é
mais amarelado. Ambos exalam um cheiro desagradável, que é facilmente
reconhecível na abertura de sulcos.
O
percevejo-castanho tem duas gerações por ano e é encontrado no
solo durante o ano todo. Os adultos estão mais presentes na superfície do
solo em período úmido - dezembro e janeiro, quando ocorrem as revoadas de
dispersão da espécie, momento que favorece o uso de medidas preventivas de
controle. Durante o período de seca, eles se aprofundam no solo em busca de
umidade, enquanto as pupas e larvas (Figura 7) podem ser encontradas com
facilidade.
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Fig.
6. Adulto de Scaptocoris castanea.
Foto: Heraldo Negri. |
Fig.
7. Larva de Scaptocoris castanea.
Foto: Heraldo Negri. |
Os prejuízos
causados pelo percevejo-castanho podem ser altos se a infestação for intensa.
Por causa da grande quantidade de seiva perdida, as plantas atacadas apresentam:
- murchamento;
- amarelecimento;
- secamento
da cana.
Para o controle
do percevejo-castanho é necessário:
- constatar
a presença da praga durante o preparo de solo;
- demarcar
a reboleira para o controle;
- aplicar
inseticida granulado sistêmico, como aldicarb, disulfoton, carbofuran
e terbufós, no plantio (Figura 8).
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Fig.
8. Controle químico no plantio.
Foto: Wilson Novaretti. |
Besouros - Ligyrus spp.
- pão-de-galinha
Euetheola humilis - pão-de-galinha
Stenocrates spp - pão-de-galinha
Migdolus fryanus - broca-da-cana
Sphenophorus levis - gorgulho-da-cana
Metamasius hemipterus - besouro-rajado-da-cana
Euetheola humilis - pão-de-galinha
Stenocrates spp - pão-de-galinha
Migdolus fryanus - broca-da-cana
Sphenophorus levis - gorgulho-da-cana
Metamasius hemipterus - besouro-rajado-da-cana
Os adultos das
espécies Ligyrus spp., Euetheola humilis e Stenocrates spp
são de cor marrom-escura e põem ovos próximo ao tolete no
plantio. Suas larvas, conhecidas como pão-de-galinha, são
brancas, com três pares de pernas robustas, em forma de U. Elas têm a
cabeça castanha e podem chegar a cinco centímetros de comprimento. O
período larval vai de 12 a 20 meses e, depois, as larvas se transformam em
pupa. Os adultos emergem do solo nos meses mais quentes do ano, com o início
das chuvas, época em que as canas novas estão brotando.
A espécie Migdolus
fryanus tem hábito subterrâneo, vive em solos profundos, bem drenados
e em regiões de cerrado. O macho adulto, de coloração preta, voa. Já a
fêmea, de coloração semelhante à ferrugem, não voa (Figura 9). A postura
de ovos ocorre entre janeiro e março. Durante esse período, as larvas
atacam as plantas. As larvas são de coloração branca e medem quatro
centímetros (Figura 10). Esta praga é difícil de ser controlada, causando danos
em larga escala ao canavial (Figura 11).
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Fig.
9. Adulto de Migdolus fryanus.
Foto: Paulo Botelho. |
Fig.
10. Larvas de Migdolus fryanus.
Foto: Raffaella Rossetto. |
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Fig.
11. Danos causados por Migdolus fryanus ao canavial.
Foto: Wilson Novaretti. |
Sphenophorus
levis é
um besouro que só ocorre no Estado de São Paulo. Ele mede cerca de 15 milímetros
de comprimento e tem coloração marrom (Figura 12). A postura de ovos
ocorre na base dos colmos. As larvas são brancas, enrugadas e sem pernas
(Figura 13). Elas abrem galerias nas plantas e aparecem nas épocas mais quentes
do ano. Já Metamasius hemipterus difere-se de Sphenophorus
levis. por ser de ampla distribuição no território nacional
e possuir coloração rajada.
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Fig.
12. Adulto de Sphenophorus levis.
Foto: Paulo Botelho. |
Fig.
13. Larva de Sphenophorus levis.
Foto: Paulo Botelho. |
Os prejuízos
causados pelo besouro são: destruição dos toletes de plantio e das raízes, o
que prejudica a germinação. Os métodos de controle da praga podem ser
feitos das seguintes formas:Os prejuízos causados pelo besouro são: destruição
dos toletes de plantio e das raízes, o que prejudica a germinação. Os
métodos de controle da praga podem ser feitos das seguintes formas:
Controle
cultural
Os besouros
podem ser controlados por meio de:
- rotação
de culturas;
- eliminação
de soqueiras atacadas, arando e gradeando três vezes, três meses antes do
plantio.
Controle
biológico
Migdolus
fryanus tem
sido parasitado por sarcofagídeos (moscas muito semelhantes a algumas
varejeiras), entre janeiro e março (Figura 14). Nematóides do gênero
Neoaplectana também podem parasitar o besouro.
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Fig.
14. Mosca parasita.
Foto: Heraldo Negri. |
Feromônios: um
feromônio sexual do grupo amida para Migdolus fryanus já está
disponível no mercado, na forma de pellets (partículas de resíduos agrícolas
compactados, em forma de um pequeno cilindro). Ele pode ser usado para
monitoramento junto a uma armadilha, entre outubro e março.
Controle químico
O controle
de Migdolus fryanus é difícil. É recomendado o uso
de 500 gramas de fipronil ou de endosulfan por hectare, que deve ser
aplicado no sulco de plantio para atingir as larvas. Os adultos de
gorgulho-da-cana podem ser controlados com iscas tóxicas, feitas com colmos
cortados ao meio e tratados com inseticidas (mistura de 25 gramas de carbaril
850 PM a um litro de água e um litro de melaço), que devem ser
distribuídas na base de 200 gramas por hectare.
Cupins - Heterotermes
tenuis (Figura 15);
Procornitermes sp (Figura 16);
Nocapritermes sp (Figura 17);
Syntermes sp (Figura 18);
Cornitermes sp.
Procornitermes sp (Figura 16);
Nocapritermes sp (Figura 17);
Syntermes sp (Figura 18);
Cornitermes sp.
A principal
espécie de cupim é a Heterotermes tenuis. Ele é
branco, com cabeça amarelada, corpo afilado e mandíbulas longas (Figura
15). A espécie caracteriza-se por não levar terrra para o interior das
galerias, como faz Procornitermes sp (Figura 16). Os ninhos
desses cupins são subterrâneos e de forma cilíndrica.
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Fig.
15. Adulto de Heterotermes tenuis.
Foto: Heraldo Negri. |
Fig.
16. Adulto de Procornitermes sp.
Foto: Heraldo Negri. |
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Fig.
17. Adulto de Neocapritermes sp.
Foto: Heraldo Negri. |
Fig.
18. Adulto de Syntermes sp.
Foto: Heraldo Negri. |
Os cupins atacam
os toletes (Figura 19), danificando as gemas, o que influi na germinação.
Isso provoca falhas na lavoura (Figura 20) e exige o replantio. Os
prejuízos atingem dez toneladas de cana por hectare, anualmente. O ataque
é maior em terrenos arenosos.
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Fig.
19. Ataque por cupins.
Foto: Wilson Novaretti. |
Fig.
20. Canavial atingido por cupins.
Foto: Wilson Novaretti |
O controle do
cupim pode ser feito com iscas do tipo Termitrap, na base de 30 iscas por
hectare, na reforma do canavial. Em soqueiras, as iscas devem ser usadas
com Imidacloprid e Beauveria bassiana na base de 40 iscas por hectare, por ano,
para a eliminação de ninhos.
Para o controle químico, os produtos recomendados são:
Para o controle químico, os produtos recomendados são:
- fipronil
800 WG - 250 gramas por hectare;
- endosulfan
350 CE - seis litros por hectare;
- terbufós
granulado - 20 quilos por hectare.
Pragas no colmo
Broca da
cana-de-açúcar (Diatrea sacchralis)
A broca é a
principal praga da cana-de-açúcar. A lagarta jovem alimenta-se, inicialmente,
das folhas para depois penetrar pelas partes mais moles do colmo (bainha). Ela
abre galerias de baixo para cima, que podem ser longitudinais - maioria das
vezes - ou transversais (Figura 1).
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Fig.
1. Broca da cana-de-açúcar.
Foto: Raffaella Rossetto. |
A lagarta atinge
seu completo desenvolvimento ao completar 40 dias, quando mede 23
milímetros de comprimento. A coloração de seu corpo é amarela-pálida
e da cabeça, marrom. A fase de pupa (casulo), que segue a larval,
dura de nove a 14 dias e resulta num adulto que sai pelo orifício deixado
pela lagarta. O ciclo inteiro dura de 53 a 60 dias e pode resultar em
quatro gerações por ano, distribuídas em outubro e novembro, dezembro e
janeiro, fevereiro e abril e em maio e junho. Já a forma adulta é uma
mariposa com asas amarela-palha e com 25 milímetros de envergadura (Figura 2).
A fêmea deposita ovos na face inferior das folhas da planta.
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Fig.
2. Adulto da broca da cana-de-açúcar.
Foto: Heraldo Negri. |
Prejuízos
diretos causados pela abertura de galerias:
- perda
de peso e morte das gemas;
- tombamento
pelo vento, se as galerias forem transversais (Figura 3);
- secamento
dos ponteiros, conhecido como coração morto, na cana nova (Figura 4);
- enraizamento
aéreo (Figura 5) e brotações laterais.
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Fig.
3. Sintomas de galeria transversal.
Foto: Heraldo Negri. |
Fig.
4. Sintomas de coração morto.
Foto: Heraldo Negri. |
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Fig.
5. Sintomas de
enraizamento aéreo. Foto: Heraldo Negri. |
Prejuízo
indireto causado pela abertura de galerias:
- podridão
vermelha do colmo (Figura 6), causada pelos fungos Colletotrichum
falcatum e Fusarium moniliforme, que penetram
pelos orifícios do colmo e invertem a sacarose, o que diminui a pureza do
caldo.
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Fig.
6. Sintomas de
podridão. Foto: Heraldo Negri. |
Para saber quando controlar a praga é necessário conhecer a intensidade de infestação (IF). Esse dado pode ser obtido ao abrir longitudinalmente cada colmo coletado (100 colmos por talhão) e contar o número total de internódios e o número de internódios atacados e fazer o cálculo com base na seguinte fórmula:
IF= 100
x n° internódios atacados
n° total de internódios
n° total de internódios
A época ideal de
controle é quando a IF for igual ou superior a 3%. Existem várias formas de
controle da lagarta, que estão descritas abaixo.
Controle
cultural
A broca da
cana-de-açúcar pode ser controlada por meio de:
- plantio
de variedades resistentes ou tolerantes;
- corte
de cana sem desponte;
- moagem
rápida após o corte;
- eliminação
de plantas hospedeiras próximas ao canavial (milho, milheto).
Controle
biológico
A broca da
cana-de-açúcar pode ser controlada por agentes biológicos, como:
- parasitóide
de ovos: Trichogramma galloi evita o ataque da broca nos
colmos. A forma adulta da vespa deve ser liberada em 25 pontos por
hectare. A quantidade a ser liberada é 200 mil por hectare em três
liberações sucessivas, feitas à tarde, semanalmente. Associada com o
parasita Cotesia flavipes,pode reduzir a intensidade de
infestação em 60%.
- parasitóide
de lagartas: Cotesia flavipes ataca lagartas com mais
de 1,5 centímetros (Figura 7). A quantidade de adultos a ser liberada
é de seis mil por hectare, quando forem encontradas dez lagartas por
hora, por operador, na coleta de monitoramento, que identifica o
momento certo em que a praga entra na lavoura, em que nível se estabelece,
como reage aos inseticidas e quais são os seus ciclos de vida.
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Fig.
7. Adulto de Cotesia flavipes atacando uma lagarta.
Foto: Heraldo Negri. |
O monitoramento da praga pode ser feito com o uso de armadilhas, com duas fêmeas virgens com 48 horas de idade - estas exercem forte atração sobre os machos, que podem ser coletados em uma bandeja com água e melaço - ou feromônios (Figura 8). O feromônio é uma substância química liberada pelos insetos para que estes se comuniquem através do olfato. Ela pode desencadear uma reação imediata no inseto, o que altera seu comportamento quanto ao sexo, estimulando a agregação ou dispersão e podendo definir territórios, trilhas ou, ainda, servindo de alerta.
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Fig.
8. Armadilha de feromônio.
Foto: Paulo Botelho. |
Controle químico
- a
broca da cana-de-açúcar pode ser controlada por meio de pulverização de
triflumuron, lufenuron ou fipronil, direcionada para a região do palmito,
quando houver 3% de canas com lagartas recém-eclodidas.
Broca-gigante (Telchin
licus)
A forma adulta
da broca-gigante é uma borboleta preta com uma faixa branca transversal nas
asas anteriores. As asas posteriores apresentam uma faixa branca curva e sete
manchas vermelhas na margem externa (Figura 9). Ela ocorre, sobretudo, na
região Nordeste e pode acarretar prejuízos de 20% a 60% da produção.
No
Nordeste, as brocas adultas aparecem no verão e põe ovos em touceiras
velhas, no meio dos detritos e caules cortados. As lagartas são grandes - 80 mm
de comprimeto - brancas, com algumas pintas pardas na parte dorsal. A largura é
decrescente da parte toráxica para a anal (Figura 10). A pupa se transforma
dentro de um casulo feito de fibras de cana e dá origem a um adulto que
viverá até 15 dias.
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Fig.
9. Adulto da broca-gigante.
Foto: Heraldo Negri. |
Fig.
10. Larva da broca-gigante.
Foto: Heraldo Negri. |
Os prejuízos
causados pela broca-gigante são:
- galerias
verticais;
- destruição
completa do colmo por causa do tamanho;
- redução
do poder germinativo;
- coração
morto;
- podridões.
Não existe um
método de controle eficiente da praga. Atualmente, o meio utilizado consiste na
catação manual de larvas por meio de enxadeco e captura de adultos com o uso de
rede entomológica.
Elasmo (Elasmopalpus
lignosellus)
Esta lagarta
é muito ativa, de coloração verde-azulada com a cabeça marrom-escura
(Figura 11). Ela se alimenta das folhas na fase inicial para, depois, alojar-se
na parte inferior dos colmos rente ao solo, nas canas novas. A lagarta elasmo
constrói galerias compostas de terra e teia, abaixo da superfície do solo.
Durante o período de pupa, ela permanece próximo à base da planta. A
mariposa mede de 15 a 20 milímetros e é de coloração cinza.
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Fig.
11. Larva de elasmo.
Foto: Heraldo Negri. |
Os prejuízos
causados pela lagarta elasmo são:
- amarelecimento
da planta;
- coração
morto.
Esses prejuízos
ocorrem devido às galerias no centro da haste da cana e se manifestam,
principalmente, nas canas recém-brotadas, mas os danos são piores na
cana-planta, já que o número de brotações é menor.
Não existe controle eficiente da praga, mas por ser um inseto que se desenvolve
em ambiente seco a manutenção do solo umedecido diminui sua ocorrência.
Pragas nas folhas
Lagarta-do-cartucho - Spodoptera
frugiperda
A lagarta-do-cartucho,
também conhecida como lagarta-militar, ataca as folhas até sua completa
destruição. Após 30 dias, a larva mede cerca de cinco centímetros de
comprimento, com coloração cinza-escuro a marrom e uma faixa dorsal com
pontos pretos (Figura 1). Nesta espécie, é muito comum o canibalismo,
quando as lagartas estão agrupadas. No fim do período larval, a lagarta penetra
no solo, onde se transforma em pupa. Na fase adulta é uma mariposa
de asas anteriores pardo-escuras e asas posteriores cinza-claras
(Figura 2). Ela põe até dois mil ovos na face superior das
folhas.
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Fig.
1. Lagarta Spodoptera frugiperda.
Foto: Heraldo Negri. |
Fig.
2. Adulto de Spodoptera frugiperda.
Foto: Heraldo Negri. |
A
lagarta-do-cartucho é desfolhadora e os danos causados por ela são maiores
nos primeiros 90 dias da cultura, ou seja, na fase da
cana-planta. Os métodos de controle da praga são:
Controle
biológico
A
lagarta-do-cartucho pode ser controlada pelos agentes biológicos:
- Doru
luteipes,
a tesourinha, é um predador natural: ela ataca a lagarta;
- Trichogramma spp.
e Telenomus sp. são parasitóides de ovos: as vespas
colocam seus ovos no interior dos ovos da praga;
- Chelonus
insularis e Campoletis
flavicincta são parasitóides de lagartas pequenas: as vespas põem
seus ovos no interior das lagartas.
Controle químico
Antes de
qualquer aplicação de inseticida é necessário realizar o levantamento da
população da praga. Deve-se examinar cinco plantas por ponto em dez pontos por
hectare. O controle deverá ser realizado se 50% da área estiver
desfolhada, ou seja, se houver duas lagartas (menores que 1,5 centímetros) por
planta.
Os produtos
recomendados para o controle são: fosforados, clorofosforados, carbamatos e
piretróides, entre outros. Para mariposas pode ser usada, também, isca
preparada com um quilo de melaço, dez litros de água e 25 gramas
de metomil. A mistura deve ser pulverizada na base de meio litro em
15 metros lineares de cana, a cada 50 metros.
Curuquerê-dos-capinzais - Mocis
latipes
As lagartas
recém nascidas alimentam-se da parte mais mole das folhas e ficam na face
inferior, o que torna difícil sua visualização. Quando elas estão desenvolvidas
medem quatro centímetros e têm coloração amarelada, com estrias
longitudinais castanho-escuras (Figura 3). As curuquerês-dos-capinzais são
facilmente reconhecíveis, pois andam como se estivessem medindo palmo. Os
casulos das pupas podem estar nas folhas secas ou sobre
o solo.
Já os adultos
são mariposas de coloração pardo-acinzentada (Figura 4). A fêmea põe ovos na
face superior da folha, sendo que esta praga pode desenvolver quatro
gerações por ano.
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Fig.
3. Lagarta de Mocis latipes.
Foto: Heraldo Negri. |
Fig.
4. Adulto de Mocis latipes.
Foto: Heraldo Negri. |
Esta
praga se manifesta de maneira cíclica. Quando ocorrem surtos, ela pode
destruir totalmente a folhagem não só da cana, mas de várias outras gramíneas
(Figura 5).
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Fig.
5. Danos causados por lagartas desfolhadoras.
Foto: Paulo Botelho. |
O controle da
curuquerê-dos-capinzais é difícil, pois ela pode migrar para outras áreas,
como pastagens, por exemplo. O controle químico pode ser feito da
seguinte maneira:
- para
as ninfas, recomenda-se o uso de thiamethoxam ou carbofuran granulados,
aplicados de um dos lados da touceira;
- para adultos,
recomenda-se a aplicação de um inseticida seletivo que não atinja
inimigos naturais da cigarrinha, como carbaril, triclorfon e malation.
O controle
biológico pode ser feito com Bacillus thuringiensis, na base
de um quilo do produto por hectare, quando as lagartas estiverem pequenas.
Este é um inseticida microbiano seletivo e não-tóxico.
Pulgões - Rhopalosiphum
maidis
Melanaphis sacchari
Estes
insetos-praga introduzem o aparelho bucal nas folhas e sugam sua seiva. Eles se
reproduzem por partenogênese telítoca, ou seja, sem a intervenção do
macho. Os insetos medem cerca de 1,5 milímetros e podem ou não ter asas
(Figuras 6 e 7).
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Fig.
6. Forma alada de pulgão.
Foto: Paulo Botelho. |
Fig.
7. Forma áptera de pulgão.
Foto: Paulo Botelho. |
Rhopalosiphum
maidis tem
a coloração verde-azulada e é vetor do vírus do mosaico. Já Melanaphis
sacchari é verde-amarelo e possui hábitos semelhantes àRhopalosiphum maidis.
Ele é vetor da doença do amarelinho.
Os prejuízos
diretos causados por estas pragas são: enrolamento das folhas e atrofia dos
brotos novos. Os danos provocados pela sucção das folhas não são tão
importantes, pois geralmente a planta é resistente. O maior prejuízo é a
transmissão do mosaico, uma das principais doenças da lavoura canavieira.
O controle é
basicamente cultural, com a eliminação de touceiras doentes. Atualmente, as
variedades de cana disponíveis são resistentes ao mosaico e ao
amarelinho.
Cigarrinha-da-folha - Mahanarva
posticata
O macho tem
coloração marrom-avermelhada e apresenta duas manchas vermelhas
na ponta das asas. A fêmea é mais escura e põe ovos nos tecidos da planta,
como na bainha, por exemplo. As ninfas ficam envoltas por uma espuma
branca, como a da cigarrinha-da-raiz, mas alojadas na bainha das folhas.
Os prejuízos
causados pela cigarrinha-da-folha são:
- Queima
das folhas: as folhas apresentam estrias longitudinais de coloração
amarelada e pontas enroladas, que dão a
impressão de requeima (morte repentina de órgãos
aéreos) por falta d´água;
- Colmos
com espaço pequeno entre nós, com aparência de palmeira;
- Perda
de até 17% de açúcar, no Nordeste.
Os métodos de
controle da cigarrinha-da-folha são:
Controle
cultural
O plantio direto
deve ser evitado em áreas com histórico de infestações. A destruição mecânica
da palhada, durante o preparo do solo, é uma forma eficaz de reduzir
o número de ovos.
A retirada total da palha deixa o solo exposto e cria um ambiente
desfavorável aos ovos, que entram em diapausa (parada prolongada do
desenvolvimento).
O uso de
variedades resistentes é essencial em locais favoráveis à praga. A variedade
SP79-1011 é menos suscetível que RB72454, SP81-3250, SP80-1842, entre outras.
Controle
biológico
A
cigarrinha-da-folha pode ser controlada pela aplicação de Metarhizium
anisopliae, também chamado de fungo-verde, na dose mínima de 200 gramas por
hectare de fungo puro. Ele atinge ninfas e adultos. As aplicações devem ser
feitas com o uso de 250 litros de água por hectare. Algumas condições
são indispensáveis para o sucesso na aplicação do fungo, como:
- Umidade
elevada seguida de veranico;
- Temperatura
entre 25°C e 27°C;
- Qualidade
do fungo;
- Aplicação,
à tarde ou à noite, em locais de alta infestação.
Controle químico
- Para
as ninfas, recomenda-se o uso dos inseticidas thiamethoxam ou carbofuran
granulados, aplicados de um dos lados da touceira;
- Para adultos,
recomenda-se a aplicação de um inseticida seletivo que não atinja
inimigos naturais da cigarrinha: carbaril, triclorfon, malation, entre
outros
Conclusão
Conclui-se
que uma boa adubação é essencial tão quanto para o solo e a cana-de-açúcar ou
outra cultura qualquer. Há diversos tipos de adubos desde convencional ao mais
corretamente ecológico no qual é chamado de, “adubo orgânico”. Portanto o
produtor deve respeitar o limite para que não deixe faltar nutriente para o
solo é principalmente à planta, mas não se deve também ultrapassar o limite de
adubação pré-estabelecido.
As
doenças da cana-de-açúcar são as mais diversas a forma de transmissão desde ao
vento e por meio do solo, no qual cada se pede um caso especifico de
tratamento, claro além de variedades resistente a esse tipo de doença.
Da
mesma forma e as pragas deve ser feito o controle químico, cultural e
biológico. É essencial não somente uma boa gerencia agrícola, mas o empenho te
todos para que nada possa passar dos limites.
Referência Bibliográfica
v http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/canadeacucar/arvore/CONTAG01_6_711200516715.html
(acesso dia13/04/2012)
v http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/canadeacucar/arvore/CONTAG01_55_711200516718.html(acesso
dia13/04/2012)
v http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/canadeacucar/arvore/CONTAG01_80_22122006154841.html(acesso
dia13/04/2012)
v http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/canadeacucar/arvore/CONTAG01_53_711200516718.html(acesso
dia13/04/2012)